Autoestima, Capacidade Física Percebida e Qualidade de Vida de praticantes de AFD com deficiência estudo exploratório e comparativo

Resumo

A AFD (AFD) é crucial na melhoria de diversas capacidades psicomotoras e sociais de pessoas com deficiência, que tendem, contudo, a praticar menos AFD comparativamente com a restante população. Dada a escassez de evidências, o nosso objetivo passa por analisar os efeitos desta prática na autoeficácia, na capacidade física percebida e na qualidade de vida (QdV) de praticantes com deficiência. As versões portuguesas do Perfil de Autoperceção Física, subescala Capacidade Física Percebida (da Escala da Autoeficácia Física) e Questionário sobre a Qualidade de Vida (QdV) de Atletas foram aplicadas a 300 pessoas com deficiência, entre os 13 e 77 anos (35.97±14.78), 150 praticantes e 150 não praticantes (sendo que não são comparados estes dois grupos), 175 do sexo masculino e 125 do feminino. Os testes estatísticos t-student, correlação de Spearman, ANOVA one-Way e o post-hoc Scheffe foram aplicados. Os resultados indicam valores médios superiores na força física, autovalorização global, e nos itens Tenho reflexos excelentes, Sou ágil e gracioso(a) e Tenho uma pega (aperto) forte, Estados emocionais do atleta e Relacionamento social no contexto desportivo, com diferenças significativas (p<.05) nas variáveis sexo, toma de medicação, idade, carga total, tempo de prática e diagnóstico. A AFD é uma influência positiva na autoperceção da competência física e da autoeficácia física, com impacto na QdV. Conclusões e recomendações serão apresentadas.

Palavras-Chave: atletas; deficiência; autoeficácia física; capacidade física percebida; qualidade de vida, saúde mental.

Abstract

Physical and sportive activity (PSA) is crucial in improving several psychomotor and social competencies of people with disabilities, who tend to practice less PSA than the rest of the population. Given the scarcity of evidence, our goal is to analyze the effects of this practice on the self-efficacy, perceived capacity, and quality of life (QoL) of practitioners with disabilities. The Portuguese versions of the Physical Self-Perception Profile, the Perceived Physical Capacity Subscale (of the Physical Self-Efficacy Scale) and the Questionnaire on the Quality of Life (QoL) of Athletes were applied to 300 people with disabilities between 13 and 77 years (35.97±14.78), 150 practitioners and 150 non-practitioners (these two groups are not compared), 175 male and 125 female. The statistical tests t-student, Spearman correlation, one-Way ANOVA, and post-hoc Scheffe were applied. The results indicate higher mean values in physical strength, global self-valorization, and items I have excellent reflexes, I am agile and graceful and I have a strong handle (grip), Emotional states of the athlete and Social relationship in the sports context, with significant differences (p<.05) in the variables gender, medication, age, total load, time of practice and diagnosis. The PSA positively influences on the self-perception of physical competence and self- efficacy, with an impact on QoL. Conclusions and recommendations will be presented.

Keywords: athletes; disabilities; physical self-efficacy; perceived physical capacity; quality of life.

Influência do coaching desportivo na performance da mulher atleta: perspetivas de atletas e treinadores de elite

Resumo

O coaching de mulheres com deficiência é fundamental para atingir uma performance desportiva de sucesso. No entanto, são escassos os estudos no âmbito do coaching desportivo de atletas mulheres com deficiência. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi compreender a influência da relação treinador- atleta na performance desportiva e compreender os comportamentos e as estratégias mais eficazes utilizadas pelos treinadores. Para tal, foi aplicada uma entrevista semiestruturada a mulheres atletas (n = 6) de elite, com deficiência motora e visual, praticantes de diversas modalidades paralímpicas e aos seus respetivos treinadores (masculino = 5; feminino =1). As atletas tinham idades compreendidas entre os 16 e os 49 anos de idade. Os treinadores tinham idades compreendidas entre os 27 e os 66 anos. Relativamente à análise dos dados, desenvolveu-se uma abordagem qualitativa baseada na análise temática (Willig, 2013). Os resultados obtidos indicaram que as atletas reconheceram a importância dos seus treinadores/a na concretização de resultados desportivos de sucesso. Treinadores e atletas destacaram a influência da relação pessoal e da partilha de objetivos na sua performance. Concomitantemente, identificaram comportamentos eficazes para o sucesso das atletas em competição, como o desenvolvimento de estratégias de adaptação, a instrução, comunicação e a preparação para a competição.

Este estudo representa um importante contributo para aprofundar o conhecimento sobre o coaching no desporto para pessoas com deficiência, uma área de investigação praticamente inexplorada em Portugal. Para além disso, constitui-se como o primeiro estudo a explorar as perspetivas de mulheres atletas e os seus respetivos treinadores.

Palavras-Chave: mulher, atleta, elite, coaching, deficiência.

Abstract

Coaching women with disabilities is essential to achieve a successful sporting performance. However, few studies seek to understand the sports coaching of women with disabilities. In this sense, the goal of the present study was to understand the influence of the coach-athlete relationship on sports performance and understand the most effective behaviors and strategies used by coaches. For this, a semi-structured interview was applied to six athletes (female = 6) and six coaches (male = 5; female =1) with motor and visual impairment, practicing several Paralympic sports at an elite level. The athletes were aged between 16 and 49. The coaches were aged between 27 and 66. Regarding data analysis, a qualitative approach based on thematic analysis was developed. The results indicated that the athletes recognized their coaches’ importance and value in achieving such success levels. Both coaches and athletes highlighted the influence of the personal relationship and the sharing of goals in their performance. At the same time, they identified effective behaviors for athletes’ success in competition, such as the development of adaptation strategies, instruction, and preparation for competition. This research is a small contribution to coaching knowledge but is the first nationwide study to include a sample of women and their respective coaches. This study represents an essential contribution to deepening knowledge about coaching in sport for people with disabilities, an area of research practically unexplored in Portugal. It is also the first study to explore the perspectives of female athletes and their coaches.

Keywords: woman, athlete, elite, coaching, disability.

A paixão pelo desporto como mediador entre as necessidades psicológicas básicas e a satisfação com a vida dos atletas com deficiência

Resumo

O presente estudo examinou o possível impacto das necessidades psicológicas básicas e da paixão pelo desporto praticado, na satisfação de vida dos atletas com deficiência. Foi testado um modelo de mediação no qual se colocou como hipótese que a autonomia, a competência e a relação estão associadas à satisfação de vida dos atletas através da paixão (harmoniosa e obsessiva) que o atleta sente pela modalidade. Um total de 131 atletas participaram neste estudo, com idades compreendidas entre os 15 e os 59 anos (M = 27,78; DP = 9,31). Os atletas completaram questionários sobre a satisfação das suas necessidades psicológicas básicas no desporto, a paixão em relação à modalidade desportiva e a satisfação geral com a vida. As perceções de competência e relação estavam associadas à paixão harmoniosa (β = 0,37, p<0,01; β = 0,21, p<,05, respetivamente), enquanto as perceções de autonomia estavam associadas à paixão obsessiva (β = 0,39, p<0,05). Além disso, a paixão harmoniosa estava associada à satisfação com a vida (β = 0,40, p<0,01), e apenas o efeito indireto da competência na satisfação com a vida, por meio da paixão harmoniosa, foi significativo. Os resultados sugerem que a satisfação da autonomia não se traduz necessariamente em maior paixão harmoniosa, mas a competência e a relação desempenham um papel importante na satisfação com a vida dos atletas que têm paixão harmoniosa pela prática desportiva.

Palavras-Chave: autonomia, competência, relação, paixão, motivação

Abstract

The present study examined the potential impact of basic psychological needs and passion for the practiced sport on the life satisfaction of athletes with disabilities. A mediation model was tested, hypothesizing that autonomy, competence, and relatedness are associated with athletes’ life satisfaction through their passion (harmonious and obsessive) for the sport. One hundred thirty-one athletes participated in this study, ranging in age from 15 to 59 years (M = 27.78; SD = 9.31). Athletes completed questionnaires regarding their satisfaction of basic psychological needs in sports, their passion for the sport, and overall life satisfaction. Perceptions of competence and relatedness were associated with harmonious passion (β = 0.37, p < 0.01; β = 0.21, p < 0.05, respectively), while perceptions of autonomy were linked to obsessive passion (β = 0.39, p < 0.05). Furthermore, harmonious passion was linked to life satisfaction (β = 0.40, p < 0.01), and only the indirect effect of competence on life satisfaction through harmonious passion was significant. The results suggest that autonomy satisfaction does not necessarily translate into higher levels of harmonious passion. However, competence and relationships play a significant role in the life satisfaction of athletes who have a harmonious passion for their sport.

Keywords: autonomy, competence, relatedness, passion, motivation

Os desafios da inclusão na atividade física e desportiva das pessoas com deficiência

Resumo

Neste artigo reflete-se sobre a necessidade de articulação entre os diferentes setores e atores envolvidos na promoção de um estilo de vida mais ativo para as pessoas com deficiência. Aborda-se a necessidade de se criar uma linguagem comum entre os profissionais de saúde, educação e desporto, de forma a ser possível uma resposta mais integrada e continuada de atuação para a inclusão das pessoas com deficiência na atividade física e no desporto. Considerou-se fundamental refletir sobre este assunto, dado que de acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) 2023 as pessoas com deficiência apresentam níveis de atividade física inferiores ao das pessoas sem deficiência, e são mais dependentes da existência de uma recomendação médica para praticarem atividade física/ desporto. Por fim apresentam-se algumas sugestões para ultrapassar o problema esperando com isso contribuir para o estabelecimento mais igualdade e equidade na participação desportiva.

Palavras-Chave: inclusão, atividade física adaptada, desporto

Abstract

This article reflects on the need for coordination between the different sectors and actors involved in promoting a more active lifestyle for people with disabilities. It also question the need to create a common language between health, education and sports professionals, to turn possible a more integrated and continuous response for the inclusion of people with disabilities in physical activity and sport. It is important to reflect on this subject, given that according to the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) 2023, people with disabilities have lower levels of physical activity than those without disabilities, and are more dependent on the existence of a medical recommendation to practice physical activity/sport. Finally, some suggestions are presented to overcome the problem, hoping to contribute to the establishment of more equality and equity in sports participation.

Keywords: inclusion, adapted physical activity, sports

Andebol: A Técnica e a Tática na Deficiência Intelectual

O jogo de andebol para a Deficiência Intelectual (DI) atingiu, em poucos anos, um elevado motivo de interesse quando jogado ao mais alto nível. Os quatro Campeonatos da Europa VIRTUS já realizados entre 2015 e 2022, e o aumento crescente do número de praticantes em Portugal (464 praticantes em 2021/2022) e um pouco por todo o mundo comprovam toda a atenção e visibilidade que este fenómeno faz por merecer. Esta atmosfera favorável ao desenvolvimento do Andebol DI contrasta com a ausência de estudos neste domínio, pois nada se conhece sobre os perfis técnicos dos atletas e a sua performance em jogo, bem como questões acerca da sua capacidade adaptativa face às exigências do jogo e da competição. Muitos atletas com DI, sobretudo aqueles que evidenciam maior rendimento desportivo, não apresentam marcas visíveis que os distinguem dos atletas sem deficiência (AsD). Todavia, as suas limitações intelectuais condicionam o seu comportamento adaptativo, com repercussões nas suas condutas desportivas (INAS, 2019). Silva (2004), num estudo comparativo entre atletas com DI e AsD na modalidade de Basquetebol, concluiu que se confirma a existência de perfis técnicos e técnico-táticos diferenciados para os dois grupos de atletas em estudo. A qualidade inferior dos perfis técnicos e técnico-táticos dos atletas com DI ganham maior expressão face a contextos competitivos mais evoluídos que, por sua vez, evidenciam as limitações psicomotoras que caracterizam este tipo de atletas.

Skip to content